tenho o quarto em escombros. de tecido, de meias pelo chão. de restos de música, recibos de visitas curtas, carimbos, flores a murchar, postais, café, linhas de esquemas e colunas de valores bem alinhados, livros, pacotes de sumo lavados (para um armário de pequenas portas), a revista da cidade, as canetas preferidas da stabilo, a caixa das aspirinas das dores de cabeça contínuas e desgastantes dos últimos dias. a música espanhola animada que passa pelas paredes do quarto vizinho, ou as discussões apaixonadas, do outro lado, que às vezes se sentam no meu colo, em soluços, e me lembram que ainda tenho muito para aprender.
algumas visitas marcadas, as reuniões em letras grandes, para não me esquecer mesmo, as calças da chuva a secar.
mas tenho tido ideias. escrevinho, desenho, desarrumo um pouco mais. todos os dias me vêm aos olhos pedaços de projectos, de coisas que quero misturar e que acabam misturadas em cima da minha minuscula mesa, pelo “sofá” improvisado. em cima e por baixo de outras coisas, esquecidas, re-descobertas.
sempre para dar a alguém, sempre com gente em mente.
imponho a mim mesma deadlines, mas não era preciso: quando se abre a portinha das coisas que gosto, elas acabam depressa demais.
andamos assim.