(i’m too tired to write in english, sorry people).
estive a semana passada em portugal. tinha saudades de tudo. dos amigos, dos papas, dos ralhetes. da minha cama, do cheiro do meu quarto, das toalhas da minha mae. das francesinhas e da comida temperada com antecedencia. dos brinquedos, das lombadas dos livros, das caneladas na mobilia. das lojas a fecharem a horas decentes. do autocarro, do metro, do comboio, do fiesta, do vaivem. de perceber o que se diz ao meu lado. das festas de anos, de poder beijar toda a gente e nao ter de estender a mao e dizer o nome. das tias a falar alto.
de mais coisas que as que o meu estado actual me deixa agora enumerar.
tenho o humor moldado (colado) a uma combinacao de cansaco e cafeina. comecei o estagio na segunda, mas nem e so disso – acho que descubro agora o quanto de incompativel a minha vida de estudante tem com esta – e nao estou a falar das borgas, desenganem-se.
tenho boa vontade. mas ninguem me disse que ia estar tudo em holandes (alias, de “nao te preocupes, nao vais ter chatices” ate “pois… mas a documentacao e os relatorios estao em holandes… ate os comentarios no codigo” ainda vai um pedacinho), e que convinha eu perceber alguma coisa. mas porque raio pensei eu que ia ser facil…? os babelfish e worldlingos desta vida dao muito jeito, e ate ja comeco a ficar perita, para alem de estar a aprender vocabulario a um ritmo impressionante. devia ter ido para tradutora diz a minha mae (sim, devia maezita, podia ser que virasse uma nicole kidman nas nacoes unidas), o jeito para as linguas… enfim, nao da para seguir uma conversa, mas percebem-se algumas coisas. stikstof, por exemplo, que quer dizer nitrogenio. ou seja, e a minha vida, neste momento. prever a quantidade de stikstof (ler shtikshtof) que se produz neste pais, para fins calorificos. assim, por alto.
das 9 as 5 sou um deles. mais um, num dos 17 andares, a saltitar na alcatifa. quando saio estou demasiado cansada para pensar, para arrancar a tag com o nome do bolso das calcas, para guiar a bicicleta sem ser em piloto automatico.
dou gracas pelas poucas pessoas que espreitam o gabinete com ar curioso (sou um peixe raro, uma miuda estrangeira num departamento de tipos holandeses) e me tiram da frente dos olhos a folha de calculo, e faco conversa. eles aproveitam para treinar o ingles (ou se calhar estao tao mortos de tedio como eu), nao e que precisem, mas alguns ate parecem gostar (hoje ate frances falei!)
mas ainda ha coisas que nao me entram na cabeca. meia hora para almoco?! sentam-se, comem as sandes com faca e garfo, todos finos e executivos e deixam os tabuleiros todos desarrumados, vao-se embora. tudo em 15 minutos. nao percebo o que dizem, por muito que me esforce so apanho dias da semana, numeros, coisas soltas. e passo o resto da tarde a escrevinhar o que vou aprendendo das traducoes forcadas.
demora tempo, impaciento-me, quero fazer outra coisa qualquer. e depois reparo que nao estou por minha conta, e que tenho mesmo de me concentrar. o projecto ate e interessante, conceptualmente. na pratica… bem, adiante.
e se dantes ja me irritava o fechar das lojas as 6, agora entao…
ps – de onde veio esta onda de resmunguice agora? perdoem. o sono, o sono. mas espero conseguir aprender holandes bem rapido, tres dias e começo a impacientar por nao falar e nao perceber nada do que dizem entre eles. do que se riem? tambem quero! :(