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photography

post sem razão


quando éramos pequenos, no verão, sabíamos de onde vinham os emigrantes franceses, pelos números nas matrículas, tantas vezes perguntados ao pai. e 75? paris. e 69? “leão”. e ouvíamos a história, muitas vezes repetida, da gare do metro de paris com cheiro a limão, tão cheia de gente que ao andar, não se tocava com os pés no chão.

não rimava, que eu me lembre. mas agora quando me dão as saudades, fico a pensar que um dia destes, as histórias exóticas que ouvimos de um pai ex-emigrante em paris, se vão transformar nas nossas histórias de shanghai, e que, se calhar, ainda alguém há-de ouvir que aqui as pessoas também se empurram para caberem no metro e usam máscaras à frente da cara. porque não cheira a limão, só a poluição.



(image of a metro worker in paris (1971) by Dizzy Atmosfere, used with permission. second picture by raemin, a shanghai metro station on a friday evening. )

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links and ideas

you can all take a lesson from Rem Koolhaas

dear architects, i am sick of your shit is an open letter by annie choi to her architect friends, which is great to read (please use your sense of humor if you’re an architect!).
here’s a little excerpt:

Architects love to discuss how much sleep they have gotten. One will say how he was at the studio until five in the morning, only to return again two hours later. Then another will say, oh that is nothing. I haven’t slept in a week. And then another will say, guess what, I have never slept ever. My dear architects, the measure of how hard you’ve worked and how much you’ve accomplished is not related to the number of hours you have not slept. Have you heard of Rem Koolhaas? He is a famous architect. I know this because you tell me he is a famous architect. I hear that Rem Koolhaas is always sleeping. He is, I presume, sleeping right now. And I hear he gets shit done. And I also hear that in a stunning move, he is making a building that looks not like a glass cock, but like a concrete vagina. When you sleep more, you get vagina. You can all take a lesson from Rem Koolhaas.

apparently it was writen a year ago, and she even received some positive comment from Rem Koolhaas himself. how cool is that?

(seen on a barriga de um arquitecto)

ps – here’s a link to annie’s blog.

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in portugal just life

porque sim.

há várias coisas que me “arranham”, neste referendo sobre a despenalização do aborto. o post é grande, aviso. vamos por partes.

* do princípio: nenhum contraceptivo é perfeito. a taxa típica de “falha” de quem toma a pílula, por exemplo, é de 5%, e no caso do preservativo (masculino), pode ir até aos 15%. (da wikipedia)

no caso da pílula, isso quer dizer que 1 em cada 20 vezes podem resultar em gravidez.
nem toda a gente engravida por desconhecimento, estupidez. há acidentes e acidentes.

* mais: eu não fumo, não bebo álcool, ainda não pago impostos, mas hei-de pagar em breve.
com o dinheiro dos meus impostos, o estado há-de tratar pessoas que fumaram a vida toda e ganharam com isso um cancro do pulmão. ou financiar estádios de futebol que eu não pedi.
peguemos no caso dos fumadores, já que o acto de fumar é uma escolha consciente e pessoal, que os afecta a eles, e aos fumadores passivos que os rodeiam.

eu pergunto, porque é que está tanta gente preocupada com o dinheiro que o estado vai gastar a fazer abortos, quando tanto se gasta com a curar os fumadores doentes? será que a solução para acabar com o fumo e o tabaco é mandar para a prisão quem aparecer no hospital com um cancro do pulmão…?

* as crianças têm o direito de ser desejadas. é o que mais me angustia, de todas as razões que se esgrimem, o querer que se criem pais por acidente, ou contra vontade, ou fazer crer que toda a gente pode ser mãe/pai. não pode, não devia! uma criança merece o melhor, merece que os pais estejam psicologicamente, emocionalmente, financeiramente preparados para acompanhar o seu crescimento. precisa de estabilidade, precisa de um lar. precisa de responsabilidade, segurança.
não se nasce e “depois logo se vê”.

* e as mulheres que já têm filhos, as mães que engravidam novamente e não se sentem capazes de criar mais um(a)? saberá alguém melhor do que uma mãe ou um pai o que é preciso para educar uma criança?

com que moral as deixamos fazer abortos à mercê de parteiras “habilidosas”, de comprimidos para as úlceras, de perfurações do útero e afins? deixamos que uma mãe morra e deixe filhos órfãos, que uma família se desintegre, para proteger um feto de 10 semanas?

* a propósito, “O feto de 10 semanas não tem dor, não tem vontade, não tem vigília, não tem consciência. As primeiras ligações ao córtex cerebral em formação, acontecem entre as 23 e as 30 semanas. Mas anatomia é diferente de função. A evidência mais precoce de actividade cortical é entre as 29 e as 30 semanas.” (daqui)

*
“A Organização Mundial de Saúde defende que: “Os governos têm de avaliar o impacto dos abortos inseguros, reduzir a necessidade de abortar e proporcionar serviços de planeamento familiar alargados e de qualidade, deverão enquadrar as leis e políticas sobre o aborto tendo por base um compromisso com a saúde das mulheres e com o seu bem-estar e não com base nos códigos criminais e em medidas punitivas. (…) As mulheres que desejam por termo à gravidez deverão ter um pronto acesso a informação fidedigna, aconselhamento não-directivo e em paralelo, devem ser prestados serviços para a prevenção de uma gravidez indesejada assim como a resolução e reposta face a possíveis complicações” (a partir de: Unsafe abortion: Global and regional estimates incidence of a mortality due to unsafe abortion with a listing of available country data – Third edition, 1997 – Ref. WHO/RHT/MSM/97.16)”, daqui.

* e por último: ninguém defende o aborto, não é isso que portugal vai votar no domingo.
a pergunta é, se uma mulher decide interromper a gravidez, qual é a resposta que este país tem para ela?
uma visita a espanha, ou a insegurança e as complicações de um aborto feito em casa e uma estadia na prisão. a discriminação, a humilhação, o marginalizar, a clandestinidade e o apontar do dedo.
em vez do acompanhamento médico e psicológico na sua decisão.

* pronto: eu voto sim. já chega.

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just life

the lobster paradigm

“The trouble with being the Prime Minister’s sister is it does put your life into rather harsh perspective. What did my brother do today? He stood up and fought for his country. And what did I do? I made a papier-maché lobster head.”

(Karen, Love Actually)