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in portugal

não sei o que é mais triste. se a precariedade de um país a recibos verdes, se o deixar-andar de quem está nessa situação e não tem coragem de lá sair.

olhem para nós. estamos aqui há 7 meses. com contractos de trabalho. com impostos pagos. com o almoço pago. com seguro de saúde. com férias, bónus e regalias. onde somos apreciados pelo trabalho que fazemos. a ganhar suficientemente bem para pensarmos em investir noutras coisas, em viajar, em virar freelancers. (o mindthisgap tem mais exemplos como o nosso).

não, nada disto foi sorte. foram escolhas construídas.

eu percebo que nalguns casos estes cenários não são possíveis. há família, há a idade, há profissões difíceis de encaixar noutros contextos.

mas e nos outros casos, como os das pessoas da minha idade, recém-licenciadas, que se sujeitam assim, durante anos? porque é que não saem daí?

expliquem-me lá esse amor à pátria que vos atraiçoa, que eu sinceramente, já não percebo.

11 replies on “…”

Eu só percebi o que estava a perder depois de viver dois anos na Irlanda e tomar a decisão de regressar a Portugal (com uma filha ao colo é mais difícil prosseguir a aventura internacional). Malta, o difícil é dar o primeiro passo: quando se apanharem lá fora, não vão mesmo querer regressar… :)

acho que à esmagadora maioria falta coragem, espírito aventureiro (de risco) e companhia para embarcar na coisa.

ou seja, bastante medo e muito conformismo… contra mim falo, óbvio.

Ontem vinha a ouvir esta música no rádio e a pensar no que disseste…

In a world full of people only some want to fly,
Isn’t that crazy?

But we’re never gonna survive unless, we get a little crazy..

Seal, Crazy

Tens toda a razão Ana. Este país é uma miséria em muitos pontos. E pior do que isso, temos todas as condições para colocar Portugal ao nível dos melhores países europeus, mas o comodismo, o desrespeito pelo próximo e o pavor à mudança fazem de nós um povo difícil, rude e acima de tudo, ignorante. Ignorante porque não percebe que deve apostar na juventude, criar condições sociais e económicas para o desenvolvimento da sociedade e não consegue pensar no futuro que há-de vir. Todas as semanas leio artigos e notícias que pasmam qualquer europeu. E aposto que muitos deles se riam se soubessem o que se passa por cá. E achariam que vivemos no 3.º mundo.
Desde que fui para a Alemanha e Japão que vi e experienciei situações que nunca seria possível em Portugal e que me fazem pensar todos os dias em sair daqui. Situações como um sorriso de um estranho a oferecer um chá refrescante em pleno Verão. Ou a espontaneidade de falar contigo e perguntar de onde vens e o que te traz por lá. Pura amizade, em dez segundos.
Talvez em breve te darei novidades :)

Acho que há uma falsa segurança em ficar por cá. E depois há a família e os amigos.
Para além do mais, acho que ainda vou tentar ‘mudar’ o país mais uns anos.

acho que o wake up call é mesmo quando se sai do país e se vê o quão diferente pode ser a vida lá fora. muita gente não sai e por isso nunca chegam a saber. mas acho que para os que saem, o difícil é depois encarar a possibilidade de voltar, sabendo que há um mundo inteiro de possibilidades à espera. e claro, há a família também. pesa tanto… (mas acho que é, como tudo o resto, uma questão de hábito)

Não é assim tão simples. Eu vivo em Manchester a 7 anos – tirei cá o curso e o Mestrado, e entretanto saí de um Doutoramento que estava a odiar e trabalho por conta propria.

Ganho suficiente para em Portugal consegui ter uma excelente vida – cá, não tenho dinheiro para contractar ajuda (nem para o negocio nem para a casa), e a minha qualidade de vida (tal como, diga-se, a da grande maioria dos ingleses) é significantemente mais baixa do que seria em Portugal com menos dinheiro. Tenho amigos que ganham metade e estão a comprar casa, o que seria impensavel para mim! Não há a cultura do café, não há cultura de boa comida, é bastante menos seguro sair a rua, empresas e instituições tratam-te mal e porcamente (gás, electricidade, bancos, etc), não há qualquer respeito pelo consumidor, e estão muito muito atrás de Portugal no que toca a telecomunicações. Há imensos exemplos – 3º mundo é aqui.

Planeamos voltar para o ano (o marido está a acabar o Doutoramento dele), e irrita-me um bocado que as pessoas se queixem de acomodamento e que nada muda quando, assim que podem, pegam nelas e mudam de País! Não faria mais sentido tentar mudar as coisas por dentro, em vez de pegar nas malas e fazer queixas de longe? Sim, há obstáculos, e muitos, mas não vale a pena? Acho que seria a unica altura em que patriotismo daría frutos.

Olá Vanda.

É natural que o país que escolhemos para emigrar limite as nossascondições de vida. A China não foi uma escolha ao acaso: é um país “barato”, ao contrário da Inglaterra ou outros países europeus. É
relativamente simples ter uma vida decente aqui, com alguns luxos até.
Eu não acho que emigração seja automaticamente sinónimo de felicidade ou estabilidade. Mas quando leio em reportagens que os licenciados desesperam por esse país fora e demoram 8 meses à procura de emprego pergunto-me porque é que tantos nem sequer se apercebem que há mais vida lá fora.

Acreditas que ficam em Portugal por amor à pátria e porque querem mudar o país? Sinceramente, não me parecem com vontade de mudar coisa nenhuma. Parecem-me, isso sim, cansadas de aguentar, de esperar que as coisas mudem. De braços cruzados, quase impotentes. E isso eu não percebo, porque para mim não faz sentido queixarem-se sem tentarem mudar a sua vida. Que se mudem (bem, se puderem claro), porque há muitos mais países no mundo onde podem ser tão ou mais úteis ou
valorizadas.

Queixo-me do acomodamento dos outros, mas não do meu porque felizmente nunca passei por essa situação. Não emigrei para fugir à precariedade ou à falta de emprego: vim antes porque gosto (ou gostamos, eu e o namorado) de explorar outros países e não dou tanto valor assim a comprar casa, carro e afins.

E ironicamente, quero e hei-de voltar a Portugal daqui a uns anos, provavelmente quando já estiver a trabalhar por conta própria e puder talvez criar alguns postos de trabalho se puder. Não por “patriotismo”, é por querer que os meus (hipotéticos) filhos aprendam português e vivam perto da família, e porque gosto de Portugal.

Eu percebo e aceito o teu ponto de vista, nós neste momento não estamos a fazer nada para mudar ou melhorar Portugal, mas também não é Portugal que critico, apenas as pessoas que se deixam andar e se lamentam, quando há “tanto mundo lá fora”.
O que é que tu farias se estivesses 8 meses em Portugal à procura de emprego e a única coisa que te aparecesse fossem estágios mal remunerados ou a recibos verdes? Como é que se luta contra isso? Se
tiveres ideias, gostava de ouvir (muito sinceramente).

ana

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